Retirado do livro Primeiro Centenário, 1889, p. 32.

História da mudança de nome da Cidade

Texto escrito por Benedito Mamede Júnior

         Como tive a honra de pertencer à Comissão que tratou de pleitear junta ao Conselho Nacional de Geografia, a elevação do então Distrito ou Vila de Cascavel, à categoria de Município, senti-me no dever de expor como as coisas aconteceram, para que a posteridade tenha exata noção sobre o assunto.

         Para conseguirmos a nossa emancipação política, além de exigências como arrecadação de impostos, número de habitantes, ajuste do nosso território com os municípios vizinhos, etc., fomos alertados pelo Conselho Nacional de Geografia, que na conformidade do Decreto do então Presidente Getúlio Vargas, em vigor desde 1.941, era obrigatória a mudança de nomes em duplicata de cidades e vilas do País. Existindo no Estado do Ceará, a antiga e populosa cidade de Cascavel e outra mais nova no Estado de Paraná, é óbvio, não podíamos pôr em risco a nossa elevação a município, não atendendo a uma imposição legal.

         Na época, não se cogitava ainda da alternativa de se especificar a situação geográfica das cidades em tais condições, como Bragança Paulista, Vargem Grande do Sul, Monte Santo de Minas, etc. Esta solução foi depois adotada por cidades já existentes, que se insurgiram contra o Decreto acima citado, e que nada tinham a perder, o que não era o nosso caso.

         Procurávamos um nome bonito da língua tupi-guarani, quando o Padre Geraldo Lourenço, que fazia parte da comissão, teve a idéia de escrever a Plínio Ayrosa, emérito estudioso da língua indígena, perguntando-lhe qual a palavra da referida língua, que significa lugar agradável, lugar aprazível. Veio a resposta; dizia que o nome é Teçaindá, ou Teçaindaba. Padre Geraldo lutou por esse nome. Mas a comissão não gostou, achou de difícil pronúncia. Talvez por isso mesmo, Plínio Ayrosa mandou, por sua conta, mais duas sugestões: Aguaí e Toripá. Aguay, na língua tupi, significa chocalho, guizo, cascavel. A cobra cascavel assim é chamada porque tem cascavéis, e na língua tupi é denominada mboy-aguahy, porque tem guizo, cascavel, chocalho (aguaís).

         Esse nome foi aceito porque não quebrou a tradição, é de fácil pronúncia e atendia a uma das exigências do Decreto. Mesmo assim, foi feito um plebiscito, e o povo votou maciçamente no nome Aguaí, rejeitando Teçaindá, Teçaindaba e Toripá. Este último nome significa "lugar, tempo de se alegrar"; mas dele ninguém gostou.

         Ainda é válido ressaltar que constava do Decreto a que obedecíamos, que o nome deveria ser de um só vocábulo, não ser de pessoas e, de preferência, da língua tupi-guarani.

         A partir de 30 de novembro de 1944, Cascavel passou a ser Aguaí, elevando-se a município.

         Pertenceram à Comissão que tratou da elevação de Vila a Município os seguintes senhores:
         Valdomiro Osório Valim; Padre Geraldo Lourenço; Claudionor Férnandes de Lima; Domingos Martucci; Durval Mamede; Benedicto Mamede Júnior; Leonardo Guaranha e Rubens Leme Asprino.